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Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/267

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CAMINHA - Que me fez? (Pausa.) D. Catarina de Ataíde, quereis saber o que me fez o vosso Camões? Não é só a sua soberba que me afronta; fosse só isso, e que me importava um frouxo cerzidor de palavras, sem arte nem conceito?

D. CATARINA - Acabai.

CAMINHA - Também não é porque ele vos ama, que eu o odeio; mas vós, senhora D. Catarina de Ataíde, vós o amais... eis o crime de Camões. Entendeis?

D. Catarina, depois de um instante de assombro. - Não quero entender.

CAMINHA - Sim, que também eu vos quero, ouvis? - E quero-vos muito... mais do que ele, e melhor do que ele; porque o meu amor tem o impulso do ódio, nutre-se do silêncio, o desdém o avigora, e não faço alarde nem escândalo; é um amor...

D. CATARINA - Calai-vos! Pela Virgem, calai-vos!

CAMINHA - Que me cale? Obedecerei. (Faz uma reverência.) Mandais alguma outra coisa?

D. CATARINA - Não, ficai, ficai. Jurai-me que não direis nada...