Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/45

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INOCÊNCIO (no cúmulo da satisfação) - De boca?... Com o olhar?... Ah! queira perdoar, minha senhora... mas um motivo imperioso...

DOUTOR - Imperioso... não é delicado.

CARLOTA - Não exijo saber o motivo; supus que se houvesse passado alguma coisa que o desgostasse...

INOCÊNCIO - Qual, minha senhora; o que se poderia passar? Não estava eu diante de V. Excia. para consolar-me com seus olhares de algum desgosto que houvesse? E não houve nenhum.

CARLOTA (ergue-se e bate-lhe com o leque no ombro) Lisonjeiro!

DOUTOR (descendo entre ambos) - V. Excia. há de desculpar-me se interrompo uma espécie de idílio com uma coisa prosaica, ou antes com outro idílio, de outro gênero, um idílio do estômago: o almoço...

CARLOTA - Almoça conosco?

DOUTOR - Oh! minha senhora, não seria capaz de interrompê-la; peço simplesmente licença para ir almoçar com um desembargador