anos, inteligente, benquisto, podia fazer um melhor papel que o de namorado sem ventura. Graças a V. Excia., todas as suas qualidades estão anuladas: o rapaz não pensa, não vê, não conhece, não compreende ninguém mais que não seja Vossa Excia.
CARLOTA - Para aí a fantasia?
DOUTOR - Não, senhora. Ao seu carro atrelou-se com o meu amigo, um velho, um velho, minha senhora, que, com o fim de lhe parecer melhor, pinta a coroa venerável de seus cabelos brancos. De sério que era, fê-lo V. Excia. uma figurinha de papelão, sem vontade nem ação própria. Destes sei eu; ignoro se mais algum dos que freqüentam esta casa andam atordoados como estes dois. Creio, minha senhora, que lhe falei no português mais vulgar e próprio para me fazer entender.
CARLOTA - Não sei até que ponto é verdadeira toda essa história, mas consinta que lhe observe quanto andou errado em bater à minha porta. Que lhe posso eu fazer? Sou culpada de alguma coisa? A ser verdade isso que contou, a culpa é da natureza que os fez fáceis de amar, e a mim, me fez... bonita?
DOUTOR - Pode dizer mesmo encantadora.
CARLOTA - Obrigada!