De vez emquando, o vento emudecia...
E um silencio profundo se espraiava...
E era um silencio apenas que se ouvia...
E Marános, olhando com ternura
Aquela face magra, aquela fronte
Em que morria um beijo de candura
Sob a neve imortal dos seus cabelos:
«Eu sei a tua Historia heroica e triste;
Tuas grandes façanhas e combates...
E esse infinito amôr que tu sentiste
Por tua propria Alma del Toboso...
Pois era a tua alma ... embora tu
Não o quizesses crêr ... eu comprehendo...
Por ela n'outra serra andaste nú
Exposto a peor inverno que este inverno!
Por ela só, puzeste na cabeça
A comica Bacia do Barbeiro,
Irmã da Cana Verde ... e arremeteste
Contra o Mal, como nobre Cavaleiro
Que sempre fôste, sim...»
E o Fugitivo
Respondeu tristemente: «Já meus olhos
Viram o que dizeis ... Se acaso vivo
É porque a Morte (ai d'ela!) me tem medo!»
E n'uma voz incerta, esvoaçante:
«Se ela fôsse, na terra, o que eu sonhei?