Do licoroso sol da Primavera,
Exalta o coração do sêr amante
E o coração das pedras e das árvores!
E n'essa embriaguez, pela Montanha
Marános perseguia o vulto amado
Do seu Desejo ardente que nascia
Da agua, do ar mais quente e perfumado.
A luz do sol corria-lhe nas veias;
Na aza do ar voava a sua alma!
E as abelhas, em volta das colmeias,
Já seus novos zumbidos ensaiavam.
Uma Aleluia esparsa, indefinida,
Dimanando das cousas, resoava
Pelas gothicas naves dos pinhaes...
E a Penumbra, de bruços, murmurava,
Vencida pelo sol que a voz divina
Do sempiterno Amôr, chamou á luz!
A mão que ás plantas abre os verdes olhos,
Foi a que abriu a campa de Jesus.
Nasce a luz! Nasce a luz! A verde côr
Ondula em verdes ondas vegetaes!
Nasce a luz, e com ela nasce o amôr;
A rosa e o beijo são do mesmo ventre...
Irmãos gémeos que a Luz despida e bela,
Estatua transparente de harmonia,
Amamenta em seus úberes de estrela,
Nas clareiras idylicas dos bosques.
E o tronco secular rejuvenesce,
Quando sente tocar-lhe, de mansinho,
Sua nudez de Virgem que estremece,