Quando a nevoa a halucina transtornando-a,
É a tua propria sombra caminhante...
Sim: tu és para a Serra um sonho etereo,
Aparição phantastica e distante
Na evidencia mais proxima das arvores;
Porque a terra é mais perto do arvoredo
E o entende melhor que á Creatura
Desarraigada e livre, perpassando,
Como um phantasma, na distancia escura...
Mas uma arvore, então, já comprehende
O espirito dos homens; já respira
O mesmo ar e luz, e nos seus ramos
Ha já canções de amor e sons de Lyra!...
«Oh, nunca serei tua! Em realidade,
Não te pertenço, não! Sou de outro Reino,
Embora isto que sou, esta Saudade
Como tu seja viva, e em ti creada!»
E Marános, confuso e mal sabendo
Se era a propria Donzela ou sua Imagem
Que lhe falára, assim lhe disse: (O vento
Era a voz mysteriosa da Paisagem)
«Eu vejo-te e conheço-te; portanto,
Muito embora tu sejas a Saudade,
O que me importa a mim? se teu encanto
É tão vivo, real e verdadeiro
Que, tendo-te ao meu lado, eu imagino
Que tu és esse corpo adonde Flóra
Pôz todo o seu engenho que é divino