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justificasse esse facto além de um natural dom de atracção inerente ás naturezas vivas e afectuosas. Como não cedeu á insistencia do requerente, foi perseguida, maltratada, quasi expulsa da casa sob os mais crueis e desumanos protestos.

¡Quanta incoerencia de moral! Primeiro, a mulher condenada por se libertar de uma cruz. Depois louvada e virtuosa, cedendo ao delito. Afinal exercendo a moral que oferece uma prova flagrante de honestidade dentro da conduta que resiste ao galanteio, volta a ser culpada, detraquée, inutiliza-se, desacredita-se.

E' n'estes curiosos e comicos estatutos, que o homem conservador, o detractor da mulher e da sua reabilitação, assenta o seu criterio e as normas falsas de seu falso senso ético. Eis a moral de comodismo material, o codigo de servidão ao serviço da luxuria tiranica, do ilogismo de direitos de fórma a manter sempre em pé os interesses masculinos na ordem de um exclusivo e feudal absolutismo plantado sobre a escravidão da mulher.

A imoralidade do forte, um triunfo. A moralidade do fraco, uma culpa. Eis o dogma da falsa moral que se levanta como simbolo de inconsciencia e tortura sob