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Página:Maria Feio - Doida Não (1920).pdf/128

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O símbolo e o poeta
 

 

Que me recordasse, nunca havia lido versos do snr. Dr. Alfredo da Cunha. Empenhava-me imenso estudar-lhe um pouco a psicologia de poeta. Procurei em todas as livrarias o seu livro intitulado « Versos », mas em nenhuma das que existem no Pôrto o pude encontrar.

Tinha ficado de me arranjar um exemplar o Snr. Bento Carqueja, que procurei para êsse fim. Expirava o praso que estava marcado para a conclusão dos trabalhos tipográficos dêste livro, escrito em menos de um mês, de relance, ao correr da pena e entre constantes complicações e sobressaltos. Nesse mesmo dia encontrei o Sr. Bento Carqueja. Perguntei-lhe pelo livro. Não tivera tempo de o procurar, respondeu-me. Deliberei ir á Biblioteca.

Fazia um calôr de calcinar.

E já eram perto de cinco horas e meia. Galguei de um fôlego a rua 31 de Janeiro para chegar á Biblioteca antes do encerramento.

Cheguei ali ofegante. Já estava próxima a hora de fechar. Mas, por deferência especial, concederam-me o volume desejado intitulado « Versos ».

Abri-o sôfregamente, anciosamente, E na pagina que se desdobrara ante os meus olhos sequiosos de profundar no ritmo cadenciado das estroies, a alma misteriosa do poeta, surpreendi logo o título sugestivo desta eloquente poesia: