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Página:Maria Feio - Doida Não (1920).pdf/64

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A crítica moralista
 

 

Tem representação no mundo das finanças. E' um tipo masculino de expressão espiritual, linhas fisionómicas de insinuante e suave afectividade. Mas essa expressão tem outros contrastes que revelam uma segunda feição sujeita a alterações de arrebatamento, que chega a ser furor neurasténico no ambiente familiar. Condena implacavelmente a protagonista dêste drama. Não admite para ela outra classificação senão a da loucura consumada. Mas a agravante criminosa que mais ataca, é a que levou uma mulher da alta sociedade à demência de amar um chauffeur.

Invoco os seus principios idealistas inclinados ao socialismo... Reage replicando: «Isso é diferente. Se eu quizer um par de brincos de brilhantes, procuro duas pedras do mesmo quilate para se irmanarem ». E' isso mesmo. Como a verdade triunfa! Um par de brincos ou um par conjugal, carece de semelhança para realizar a harmonia. E é mais que evidente a desharmonia de quilates entre os dois esposos que hoje são adversários, porque nunca foram iguais. Póde haver maior igualdade onde parece existir desigualdade. A selecção das castas não se deve regular pela situação em que se nasce ou se vive. E' uma questão de natureza. A posição a profissão, a revelação de cada sêr, são eventualidades.