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Página:Maria Feio - Doida Não (1920).pdf/74

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E' muito diferente justificar um facto para não degradar um sexo, para defender princípios que são a segurança fundamental da moral verdadeira, ou aceitar êsse facto como principio e base de uma moral de amor livre.

Penso que a forma de organisação mais moral das sociedades, é a harmoniosa organisação da familia. Mas não nas condções em que hoje está constituida. Conheço milhares de mulheres que são verdadeiras escravas como esposas, como irmãs, como mães e como filhas.

E tenho três netinhas que são a luz dos meus olhos e o alento do meu dilacerado coração. A moral da virtude que tanto almejava pôr em prática para lhes formar um caracter, um coração e um entendimento robusto num corpo vigoroso e belo, está demasiadamente comprovada e bem sinceramente revelada num livrinho a que dei p título «Corações Infantis». Que o destino seja o padroeiro dessa aspiração para que a vida estremecida de êsses três pequeninos e angélicos amores não seja a continuação do «Calvário da Mulber» que a avó tem sofrido para cultivar no mundo ideias de justiça. E que jámais a condura das suas alminhas seja envolvida em tragédias que deprimem a dignidade das mulheres e dos homens, expondo-as a opróbios, amarguras e tormentos infinitos.

Haverá, porém, quem diga que ensinei as mulheres a apaixonarem-se pelos serviçais, defendendo a paixão e a pessoa de um chauffeur?

Haverá quem diga que eu exalto a familia e defendo o adultério, ou o admito na desigualdade de gerarquias em que se deu o drama que o público vem comentando?