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Página:Maria Feio - Doida Não (1920).pdf/88

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Para o coração do Manuel ler
ao coração da mãe[1]
 

 

O amor de mãe é o luzeiro vespertino de todos os amores, o sol de todas as bondades. Sorrisos e lágrimas, ternuras e beijos, inspirações e disvelos, são outras tantas flôres de beleza que despontam no seio das mães, como em ara santa as chamas iluminadoras dos holocaustos.

O Manuel é bom e sensível, porque tem uma mãe bondosa e terna. Disseram-me esta verdade a sua fisionomia e as suas palavras. Falta só que o contirme a nobreza dos seus actos.

Dirá o mundo que me engano a seu respeito? Pensarão que avalio romanticamente a sua pessoa e me excedo em demasias de aprece? Todo o aprêco é justo para julgar o que se nos afigura digno dele.

 

{{asterismo

 

Venho dizer-lhe palavras que farão vacilar o castelo encantado das suas esperanças. Mas a torre de oiro e sonho onde subiram alto aspirações de amôr e riqueza que o mantem cativo, como as mouras da lenda antiga agrilhoadas por amor em feudaes castelos roqueiros, está sujeita a desmoronar num mar de desilusões e angústias.

  1. O Manuel está encarcerado por acusação de rapto e cárcere privado.