« Não há manicomios, não há cadeias, não há leis, não há homens que nos separem. »
Mas, vendo-o agora engrandecido e nobre, renunciar a todas as esperanças e a todos os amores, emolados á felicidade de outros sêres, escravo do dever e soberano da bondade, talvez lhe diga liberta da sua fraqueza, e redimida dos seus impulsos: « Parte, levando de mim apenas a recordação e a essência da bondade, que foi a semente pura dêste amor de perdição.
O mundo é vasto e a sorte protectora de quem é digno, bom, trabalhador e justo.
Abriu-se á luz da razão a treva do desvário que te aproximou do meu exilado e piedoso coração.
Em hora trágica e tormentosa, ouvi, entre punhais de remorso e angústia, o grito pungente de tua mãe que bradára em soluçante agonia quando dela te apartára a tragedia do nosso amor: « Nunca mais verei o meu filho![1]».
E preciso que ela te veja, que ela te abrace, que lhe sejas restituido livre, redimido de culpas, resgatado de fraquezas, de deshonrosas e indignas cubiças.
Recordas-te da scena de Roção[2], dos gritos das inocentes crianças ao apartarem-se do Pai[3], que com tanta franquez me recebera em sua casa, misturados com os soluços da mãe dêsses inocentes, ao roubarem-lhe o marido? Tenho sempre presente as meus olhos, o cantinho dessa casa, onde, em lágrimas banhada. uma outra mãe gemia ao ver que lhe levaram preso o seu amparo, o seu querido filho. E essa santa velhinha, que eu abracei chorando, pedindo-lhe perdão