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horas de folga

andava eu lá tratando dum negócio de carvão, quando, aproximando-me da fenda dum rochedo, encontrei um ninho de corvos.

— ¿Eles fazem ninho nas fendas dos rochedos?

— Fazem. E nas árvores tambem. São muito engraçados os seus ninhos, todos forrados de pêlos, penas e musgos. Mas, como ia dizendo, encontrei o ninho com tres ovos dentro…

— ¿Eles põem só três ovos? perguntou Berta.

— Põem de três a seis, mas não são como os das galinhas: são esverdinhados e têem manchas irregulares. Vi que eram três porque o macho que os estava chocando emquanto a fémea tinha ido comer, levantou-se para lhe ceder o logar.

— Tem graça!

— Muita. Êles nascem nùs e comem pássaros, ovos, ratos, e tudo que os pais podem pilhar. Estes têem muito cuidado nos filhos e, quando se aproximam do ninho, é com a mesma prudência com que o avarento vai vêr o cofre do dinheiro que tem escondido. Chegam a aprender a voz de certos animais e até a pronunciar algumas palavras mais simples. Mas, como eu lhe ia contando, vi que o ninho não tardaria a ter habitantes pequenos. Afastei-me com cautela e dei-me a vigiá-lo com prudência igual á dos pais. Fiz projetos, e um dia, com o auxílio do meu irmão, consegui apanhar todos no ninho á excepção dos pais. Fiquei com um casal, que criei, e dei o terceiro a meu irmão. Esse pouco viveu. Ou por falta de