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Diz-se o rei dos animais, Quer ser rival do leão!.... Pensa o rei da juba negra: Qual tem pior coração?

O crú, que me mata a fémea, Que deu meus filhos á morte, Que, se me não mata a mim E' porque eu sou o mais forte.

Pôs-se á espreita, vingativo, Na fúria de se pagar. O corcel, que já vem perto, Rincha e não quer avançar.

Então o féro animal, No auge da indignação, Ergue a voz que, na caverna, Ribomba como um trovão.

Salta sobre o cavaleiro, Rebola com êle ao chão. Sente o homem que é pequeno Entre as garras do leão.

E emquanto o cavalo, ao longe, Foge em veloz galopar, Grita, morrendo, o cristão Na febre de se julgar: