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E aproximou-se curiosa. Mas não tinha dado mais de seis passos quando retrocedeu horrorisada, deixando caír involuntariamente o cesto e quanto levava no avental, e deitou a correr com a possivel rapidez.

Nos sítios onde as areias se conservavam úmidas correu facilmente, mas dentro em pouco os pés enterravam-se-lhe na areia e tinha de parar continuamente para criar alento. Duas vezes caíu no chão sem fôrças e, levantando-se, deitou de novo a correr. Chegou finalmente a casa. Empurrou a porta com violência e foi lançar-se nos braços de sua mãe que afastou cuidadosa as agulhas da meia em que estava trabalhando para a pequena se não ferir, repreendendo-a brandamente pela sua falta de cuidado.

-¿Então isso faz-se, Rosa? Estás louca? Não vês que podias cegar-te com as agulhas da minha meia?

Rosa, que chegara em silêncio aos braços de sua mãe, desatou a chorar.

- ¿Que é isso? perguntou o pai entrando.

Tomé, pai de Rosa, era um homem dos seus quarenta e cinco anos, crestado pelo sol e pelo ar do mar. Vestia calça azul, camisola de malha e trazia o cachimbo ao canto da bôca, entretendo-se a aparar cuidadosamente com a navalha um pedaço de madeira.

-¿Que tens tu? tornou êle. Não ouviste o que te perguntei?

Então, com a voz entrecortada, Rosa contou que là em baixo, muito longe, num sítio onde tinha ido