– ¿De todos os presentes que tiveste, qual te agradou mais?
– ¿Com verdade, verdade?
– Decerto, nem eu quero que me fales de outro modo.
– Dos rios de Portugal.
– ¿Mais que da boneca?
– Muito mais. Depois de jantar vai a minha mãe vêr como eu me vou divertir.
Os primos de Susana eram cinco: por isso os mais velhos resolveram ficar com dois rios cada um.
Susana chocalhou o saco e estendeu-o a Rogério que tirou dois pedacinhos de madeira e disse com muita rapidez: Sou o Lima. Venho de Espanha, atravesso a província do Minho e passo por Ponte de Lima e Viana. Sou navegavel até Ponte da Barca.
– Quantos kilómetros tem de curso?
– 110.
– E’ águia, não é urso.
Outro meteu a mão no saco. Foi o Paulo: saíu-lhe o Cávado.
– Eu sou o Cávado. Nasço na serra do Lourenço.
Uma gritaria medonha, acompanhada de imensas risadas, cobriu a voz do pequeno que, muito vermelho, indagava:
– ¿Então não disse bem?
– Este é urso, não é águia, gritavam os outros com mais força.
– Não é serra do Lourenço. E’ serra do Larouco.