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CAPITULO LVI

 
O momento opportuno
 

Mas, com a breca! quem me explicará a razão desta differença? Um dia vimo-nos, tratámos o casamento, desfizemol-o e separamo-nos, a frio, sem dor, porque não houvera paixão nenhuma; mordeu-me apenas algum despeito e nada mais. Correm annos, torno a vel-a, damos tres ou quatro giros de valsa, e eis-nos a amar um ao outro com delirio. A belleza de Virgilia chegára, é certo, a um alto gráu de apuro, mas nós eramos substancialmente os mesmos, e eu, á minha parte, não me tornára mais bonito nem mais elegante. Quem me explicará a razão dessa differença?

A razão não podia ser outra senão o momento opportuno. Não era opportuno o primeiro momento, porque, se nenhum de nós estava verde para o amor, ambos o estavamos para o nosso amor: distincção fundamental. Não ha amor possivel sem a opportunidade dos sujeitos. Esta explicação achei-a eu mesmo, dous annos