— Para a Candiani?
— Para a Candiani.
Virgilia bateu palmas, levantou-se, deu um beijo no filho, com um ar de alegria pueril, que destoava muito da figura; depois perguntou se o camarote era de boca ou do centro, consultou o marido, em voz baixa, acerca da toilette que faria, da opera que se cantava, e de não sei que outras cousas.
— Você janta comnosco, doutor, disse-me o Lobo Neves.
— Veiu para isso mesmo, confirmou a mulher; diz que você possue o melhor vinho do Rio de Janeiro.
— Nem por isso bebe muito.
Ao jantar, desmenti-o; bebi mais do que costumava; ainda assim, menos do que era preciso para perder a razão. Já estava excitado, fiquei urn pouco mais. Era a primeira grande colera que eu sentia contra Virgilia. Não olhei uma só vez para ella durante o jantar; falei de politica, da imprensa, do ministerio, creio que falaria de theologia, se a soubesse, ou se me lembrasse. O Lobo Neves acompanhava-me com muita placidez e dignidade, e até com certa benevolencia superior; e tudo aquillo me irritava tambem, e me tornava mais amargo e longo o jantar. Despedi-me apenas nos levantámos da mesa.
— Até logo, não? perguntou o Lobo Neves.
— Póde ser.
E saí.