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CAPITULO LXVIII

 
O vergalho
 

Taes eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquelle Valongo fóra, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-m’as um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas unicas palavras:

— «Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão! » Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada supplica, respondia com uma vergalhada nova.

— Toma, diabo! dizia elle; toma mais perdão, bebado!

— Meu senhor! gemia o outro.

— Cala a boca, besta! replicava o vergalho.

Parei, olhei... Justos ceus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudencio, — o que meu pae libertára alguns annos antes. Cheguei-me; elle deteve-se logo e pediu-me a benção; perguntei-lhe se aquelle preto era escravo delle.