baroneza estás. Dirás que sou ambicioso? Sou-o devéras, mas é preciso que me não ponhas um peso nas azas da ambição.
Virgilia ficou desorientada. No dia seguinte achei-a triste, na casa da Gamboa, á minha espera; tinha dito tudo a D. Placida, que buscava consolal-a, como podia. Não fiquei menos abatido.
— Você hade ir comnosco, disse-me Virgilia.
— Está douda? Seria uma insensatez.
— Mas então...?
— Então, é preciso desfazer o projecto.
— É impossível.
— Já aceitou?
— Parece que sim.
Levantei-me, atirei o chapeu a uma cadeira, e entrei a passeiar de um lado para outro, sem saber o que faria. Cogitei largamente, e não achei nada. Emfim, cheguei-me a Virgilia, que estava sentada, e travei-lhe da mão; D. Placida foi á janella.
— Nesta pequenina mão está toda a minha existencia, disse eu; voce é responsavel por ella; faça o que lhe parecer.
Virgilia teve um gesto afflictivo; eu fui encostar-me ao consolo fronteiro. Decorreram alguns instantes do silencio; ouviamos sómente o latir de um cão, e não sei se o rumor da agua, que morria na praia. Vendo que não falava, olhei para ella. Virgilia tinha os olhos no chão, parados, sem luz, as mãos deixadas sobre os joelhos, com os dedos cruzados, na attitude da suprema desesperança. N’outra occasião, por differente motivo,