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CAPITULO XCII

 
Um homem extraordinario
 

Já agora acabo com as cousas extraordinarias. Vinha de guardar a carta e o relogio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegára poucos dias antes do norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi elle mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desaccordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com elle. De resto, a revolução estava outra vez ás portas. Neste ponto, comquanto trouxesse as idéas politicas um pouco baralhadas, consegui organisar e formular o governo de suas preferencias: era um despotismo temperado, — não por cantigas, como dizem alhures, — mas por pennachos da guarda nacional. Só não pude alcançar se elle queria o despotismo de um,