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Página:Memórias Pósthumas de Braz Cubas.djvu/283

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Adeus, D. Placida, bradou ella para dentro. Depois foi até á porta, correu o fecho, ia sair; agarrei-a pela cintura. — Está bom, está bom, disse-lhe. Virgilia ainda forcejou por sair. Eu retive-a, pedi-lhe que ficasse, que esquecesse; ella afastou-se da porta e foi cair no canapé. Sentei-me ao pé della, disse-lhe muitas cousas meigas, outras humildes, outras graciosas. Não affirmo se os nossos labios chegaram á distancia de um fio de cambraia ou ainda menos; é matéria controversa. Lembra-me, sim, que na agitação caiu um brinco de Virgilia, que eu inclinei-me a apanhal-o, e que a mosca de ha pouco trepou ao brinco, levando sempre a formiga no pé. Então eu, com a delicadeza nativa de um homem do nosso seculo, puz na palma da mão aquelle casal de mortificados; calculei toda a distancia que ia da minha mão ao planeta Saturno, e perguntei a mim mesmo que interesse podia haver n’um episodio tão mofino. Se conclues dahi que eu era um barbaro, enganas-te, porque eu pedi um grampo a Virgilia, afim de separar os dous insectos; mas a mosca farejou a minha intenção, abriu as azas e foi-se embora. Pobre mosca! pobre formiga! E Deus viu que isto era bom, como se diz na Escriptura.