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XXV

O Cruzeiro

 

O general tinha determinado que eu sahisse com tres navios armados para atacar as bandeiras imperiaes que crusavam na costa do Brasil. Preparei-me para cumprir esta ardua tarefa, reunindo todos os elementos necessarios ao meu armamento. Os meus tres navios eram o Rio Pardo, commandado por mim — a Cassapara, por Griggs, ambos goletas e o Seival commandado pelo italiano Lourenço. A embocadura do lago estava bloqueada pelos navios de guerra imperiaes, mas apesar d’isso sahimos de noute e sem ser incommodados. — Annita, então companhia de toda a minha vida, e por consequencia, de todos os meus perigos, tinha querido acompanhar-me.

Chegados á altura de Santos, encontrámos uma corveta imperial, que durante dois dias, nos deu caça inutilmente. No segundo dia aproximamo-nos da ilha do Abrigo onde tomámos duas sumacas carregadas de arroz. Continuámos o cruzeiro e fizemos mais algumas prezas. Oito dias depois da nossa partida dirigi-me para o lago.

Não sei porque, tinha um sinistro presentimento do que ali se passava, visto que antes da nossa partida já um certo descontentamento se manifestava contra nós. Estava além d’isso prevenido da aproximação d’um corpo consideravel de tropas, commandadas pelo general Andréa a quem a pacificação do Pará, tinha dado uma grande reputação.

Na altura da ilha de Santa Catharina, quando voltavamos, encontrámos um patacho de guerra brasileiro. — Tinha unicamente comigo dous navios o Rio Pardo e o Seival, porque a Cassapara havia muitos dias que se tinha separado de nós por causa d’um grande nevoeiro. Quando descobrimos,