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ssagem das tropas, não se nos juntou, deixando-nos sós para combater um tão temivel inimigo.

Durante este tempo o inimigo ajudado pelo vento e mare vinha para nós com toda a força. Dirigi-me então a toda a pressa para o meu posto a bordo do Rio Pardo, onde já a minha corajosa Annita tinha começado o combate, apontando e dando ella mesmo fogo á peça de que se tinha encarregado, animando com a voz e o exemplo os meus companheiros um pouco atemorisados.

O combate foi horrivel e mais mortifero que se poderia julgar. Tive poucos mortos, porque, como já disse, metade da equipagem estava em terra, mas dos seis officiaes que estavam nos tres navios só eu escapei são e salvo.

Todas as nossas peças estavam desmontadas, mas o combale continuou á clavina e não cessámos de atirar em quanto o inimigo passou por diante de nós. Durante o combate Annita ficou sempre ao meu lado, no posto mais perigoso, não querendo nem desembarcar nem aproveitar-se de nenhum alivio, e despresando mesmo o inclinar-se como faz o homem mais bravo, quando vê a mecha aproximar-se do canhão inimigo.

Soffrendo mil cuidados por a vêr exposta a tantos perigos, julguei encontrar um meio de affastar.

Ordenei-lhe, foi necessario uma ordem, para me obedecer que fosse pedir reforço ao general dando-lhe a minha palavra de que se me enviasse esse reforço entraria no lago perseguindo os imperiaes e tratando-os de tal maneira que elles não pensariam em desembarcar, embora tivesse que largar o fogo á sua flotilha. Obriguei Annita a prometter-me que ficaria em terra enviando-me a resposta por um homem seguro; mas com bastante pesar meu foi Annita, que trouxe a resposta do general:

«Não tinha soldados para me mandar, e ordenava-me que não largasse o fogo á esquadra inimiga, mas que viesse para a terra salvando as armas e munições.»

Obedeci. Então debaixo de um fogo que não