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e grande e generoso. Era a ferocidade do leão e não a do tigre.

Quando o coronel Pringles, um dos seus maiores inimigos, foi feito prisioneiro e assassinado, o seu assassino apresentou-se a Quiroga, seu chefe, julgando ter ganho uma boa recompensa.

Quiroga deixou-lhe contar o seu crime, e mandou-o fuzillar.

Uma outra vez dois officiaes pertencentes ao partido inimigo foram feitos prisioneiros pelos soldados de Quiroga que lembrando-se do castigo do seu camarada, os conduziram sãos e salvos á presença do seu chefe.

Quiroga offereceu-lhe abandonar as suas bandeiras, servindo debaixo das suas ordens.

Um acceitou, outro recusou.

— Está bem, disse elle ao que havia acceitado, montemos a cavallo e vamos vêr fuzillar o seu camarada.

Aquelle sem fazer a menor observação, apressou-se a obedecer, e conversou todo o caminho alegremente com Quiroga de quem se julgava já ajudante de campo, em quanto o seu camarada cercado por um piquete, com as armas carregadas, marchava tranquillamente para a morte.

Chegado ao logar destinado para a execução, Quiroga mandou ajoelhar o official que tinha recusado trahir o seu partido, e disse-lhe que se preparasse para morrer, e quando o viu prompto:

— Vamos, disse Quiroga, ao pobre official que se julgava já morto, és um bravo. — Monta no cavallo do teu camarada e parte.

E designava o cavallo do renegado.

— E eu? perguntou este.

— Tu, respondeu Quiroga, não precisas cavallo porque vaes morrer.

E apezar das supplicas que lhe fez em favor do seu camarada, aquelle a quem acabava de dar a vida, mandou-o fuzillar.

Quiroga só foi vencido uma vez, e essa pelo general Paz, o Fabio americano. Duas vezes destruiu