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Do mesmo modo que Rivera era prodigo para com os homens, Deus tinha sido prodigo para com elle. Era um bello cavalheiro, em todo o sentido da palavra hespanhola caballero, que comprehende ao mesmo tempo o soldado e o gentilhomem, de estatura elevada, de olhar prescutador, conversando com graça, e attraindo todos por um gesto particular que só lhe pertencia, sendo por isso o homem mais popular dos Estados orientaes. Mas se Rivera como homem era mui apreciavel, como administrador nunca houve nenhum que desorganisasse mais os recursos pecuniarios d’uma nação. Assim como havia destruido a sua fortuna particular, destruiu a fortuna publica, não para se enriquecer, mas porque homem publico tinha conservado todos os habitos do homem particular.

Na epocha que descrevemos, essa ruina ainda não se fazia sentir: Rivera, commeçava a sua presidencia, e estava rodeado dos homens mais notaveis do paiz: Obez, Herrero, Vasques, Alvares, Ellauri, Luiz Eduardo Peres, erão verdadeiramente senão seus ministros ao menos seus directores, e com estes homens tudo o que era progresso, liberdade e prosperidade, estava promettido a este bello paiz.

Obez, o primeiro dos amigos de Rivera era um homem d’um caracter respeitavel. O seu patriotismo, o seu talento eminente, a sua instrucção profunda o collocaram no numero dos grandes homens da America, e para que nada faltasse á sua popularidade, morreu no exilio victima do systema de Rosas no Estado oriental.

Luiz Eduardo Peres, era o Aristides de Montevideo. Republicano severo, patriota exaltado, consagrou a sua longa existencia á virtude, á liberdade, e ao seu paiz.

Vasquez, homem de talento e instrucção, rendeu os primeiros serviços ao seu paiz no cerco de Montevideo, na guerra contra a Hespanha e acabou a sua carreira durante o cerco contra Rosas.

Herrera, Alvares, e Ellauri cunhados de Obez,