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o systema de Rosas, o paiz seguiu Rivera, quando elle em 1836 se collocou á frente d’uma revolução contra Oribe.

Não obstante essa revolução em que tomou parte quasi todo o paiz, Oribe resistiu até 1838.

Oribe deixou a presidencia por renuncia feita officialmente perante as camaras e sahiu do paiz tendo pedido ás mesmas camaras licença para se retirar.

Rosas, vendo-o abandonar a sua posição, obrigou-o a protestar contra essa renuncia, e reconhece-o como chefe do paiz de que havia sido expulso. Foi o mesmo do que se Luiz Filippe, tivesse em Clermont reconhecido o duque de Bordeos como vice-rei da republica franceza.

Em Montevideo zombaram ao principio d’essa excentricidade do dictador, mas elle preparava-se para mudar esses risos em lagrimas.

A consequencia natural da conducta de Rosas era a guerra entre as duas nações.

Esta guerra foi horrivel.

Oribe, a quem alguns dos nossos jornaes, pagos por Rosas, chamaram o illustre e o virtuoso Oribe, foi ao mesmo tempo general e carrasco.

Mostremos aos leitores algumas d’essas paginas de sangue publicadas pela America do Sul, e nas quaes vem registados dez mil assassinatos.

Tomemos ao acaso alguns dos relatorios feitos a Rosas pelos seus agentes e officiaes.

O general D. Marianno Achaque serve no exercito contrario a Rosas, defende S. João e no dia 22 de agosto de 1841 rende se depois de quarenta e oito horas de resistencia. D. José Ramires official de Rosas transmitte então ao governo de S. João o relatorio official d’este successo. Copiaremos estas linhas:

Tudo se acha em nosso poder, mas com perdão e garantia para todos os prisioneiros. Entre elles está um filho de Lamadrid.

Agora leia-se o numero 2067 do Diario da tarde de Buenos Ayres, de 22 de outubro de 1841,