Página:Memórias de José Garibaldi (1907).pdf/234

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uma victoria, de que sem receio, se vos póde attribuir toda a honra.

“De resto, esta modestia, trouxe-vos as sympathias de pessoas aptas para apreciar convenientemente o que tendes feito e alcançado em seis mezes, pessoas entre as quaes devo enumerar em primeiro logar, o nosso ministro plenipotenciario, o honrado barão Deffaudis, que honra o vosso caracter e n’elle tendes um caloroso defensor, sobretudo, quando se trata de escrever para Paris, no intento de destruir impressões desfavoraveis que podem nascer de certos artigos dos jornaes, redigidos por homens pouco habituados a fallar verdade, mesmo quando contam factos acontecidos á propria vista.

“Recebei pois o testemunho da minha estima etc. “Lainé.

Não se contentou só o almirante Lainé com o escrever a Garibaldi, quiz-lhe fazer os seus cumprimentos pessoalmente. Desembarcou em Montevideo, dirigiu-se á rua Portona, onde morava Garibaldi. Esta habitação, tão pobre como a do ultimo legionario, nunca se fechava, e dia e noite estava aberta para todos, e particularmente para o vento e chuva, como dizia Garibaldi, contando esta anedocta.

Era noite: o almirante Lainé empurrou a porta, e como a casa estivesse ás escuras tropeçou n’uma cadeira.

— Eia, disse elle, é necessario quebrar a cabeça para vêr Garibaldi?

— Oh mulher, exclamou Garibaldi, não reconhecendo a voz do almirante, tu não ouves, que vem ahi alguem? Allumia.

— Com que queres tu que eu allumie! respondeu Annita, não sabes que não ha com que se compre uma vella?

— É verdade, respondeu philosophicamente Garibaldi.