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se poderia julgar que me achava só, e com tanta felicidade que tres homens cahiram.

Tres outros tiros se succederam aos primeiros, e como atirava ao grupo, todos eram funestos.

Se o inimigo, tivesse a idéa de assaltar o galpon estaria tudo acabado, mas o cosinheiro tinha-se-me unido e fazia tambem fogo, de modo que o coronel Fuinha, apesar de toda a sua esperteza, julgou que todos nós estavamos reunidos.

Por consequencia retirou-se para uns cem passos de distancia do alpendre, e começou a fazer alguns tiros de quando em quando.

Foi o que me salvou.

Como o cosinheiro não era bom atirador, e na nossa situação cada tiro perdido era uma falta irreparavel, disse-lhe que se entertesse em carregar os fuzis que eu os iria descarregando.

Estava intimamente convencido de que a minha gente, suspeitando já que o inimigo tinha desembarcado, e ouvindo o estrondo da fuzilaria, comprehenderia tudo e viria em meu auxilio.

Não me enganava.

O meu bravo Luiz Carniglia foi o primeiro que appareceu atravez as nuvens de fumo que existiam entre o galpon e a tropa inimiga que fazia um fogo infernal.

Depois d’elle appareceram Ignacio Bilbao, biscainho, e um italiano chamado Lourenço. N’um momento estavam a meu lado, e começaram a imitar-me o melhor que poderam; depois chegaram Eduardo Mutru, Nascimento Raphael e Procopio — estes dois ultimos eram negros — e Francisco da Silva. Queria em logar de escrever no papel, gravar no bronze os nomes d’estes valentes companheiros, que no numero de treze se me reuniram combatendo durante cinco horas cincoenta inimigos.

O inimigo tinha-se apoderado de todas as casas e barracas que nos rodeavam, fazendo-nos d’ahi um fogo terrivel. Alguns dos seus soldados haviam subido aos telhados de que tiraram as telhas,