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BOOKER T. WASHINGTON

repugnavam o trabalho manual. Corria em todo o Alabama que os estudantes de Tuskegee, ricos ou pobres, eram forçados a aprender um officio. Choveram cartas de paes indignados contra a obrigação imposta a seus filhos de trabalhar no collegio. Outros vinham reclamar pessoalmente, e os novos alumnos traziam sempre algumas linhas em que se manifestava o desejo de vel-os occupar-se unicamente com o estudo. Quanto mais livros melhor, volumes grossos, pesados, de titulos pomposos.

Não me inquietei com os protestos, mas nas minhas viagens esforcei-me por convencer o povo de que o ensino profissional era uma necessidade. Doutrinava tambem os meus alumnos, e, a despeito da antipathia que toda a gente votava ao trabalho manual, a escola cresceu tanto que, no fim do segundo anno, tinhamos perto de cento e cincoenta rapazes e moças procedentes de todas as partes do Alabama e de alguns Estados vizinhos.

No verão de 1882 miss Davidson e eu nos dirigimos ao Norte afim de obter recursos para a conclusão do novo edificio. Demorei-me um pouco em Nova York e falei a uma personagem influente, que havia conhecido alguns annos antes, pedi-lhe uma carta de recommendação. Não recebi a carta, mas recebi o conselho de voltar para a casa, pois era certo só obtermos a quantia indispensavel ás despesas de viagem. Agradeci o conselho e segui