Não me lembro de, menino ou rapaz, ter visto minha familia sentar-se á mesa, rezar e comer civilizadamente. Nas fazendas da Virginia as crianças arranjavam comida pouco mais ou menos como os animaes, um pedaço de pão aqui, um bocado de carne ali, ás vezes uma chicara de leite, algumas batatas. Acontecia certos membros da familia comerem na panella, emquanto outros se serviam com os dedos em pratos de folha postos en cima dos joelhos. Quando fiquei um pouco taludo, chamaram-me á casa grande para, nas horas das refeições, enxotar as moscas das mesas com uns leques de papel que se moviam por meio de roldanas. Naturalmente a maior parte da conversa dos brancos rolava sobre a liberdade e a guerra. Eu não perdia uma palavra. Vejo ainda uma das minhas jovens senhoras comendo bolos em companhia de algumas damas que a visitavam. Era isso o meu maior desejo: parecia-me que, se chegasse a libertar-me, seria completamente feliz enchendo-me de bolos como aquellas moças.
Á medida que a guerra se prolongava os viveres escasseavam. Com certeza os brancos sentiam as privações mais que os negros: pão de frumento e carne de porco a fazenda produzia, mas café, chá, assucar, não se cultivavam e era impossivel obtel-os, por causa da guerra. Os brancos se atrapalhavam: fazia-se café com trigo torrado, e uma espe-