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BOOKER T. WASHINGTON

mandava a Washington com o fim de solicitar, perante uma commissão do congresso, o auxilio do governo á Exposição. Os mandatarios de Atlanta eram uns vinte e cinco cidadãos importantes da Georgia, todos brancos, excepto o bispo Grant, o bispo Gaines e eu. Diversos brancos e os dois bispos negros fizeram-se ouvir diante da commissão. O ultimo nome da lista dos oradores era o meu. Nunca me havia achado em frente a semelhante publico, nunca falara na capital dos Estados Unidos, não sabia direito o que ia dizer e duvidava que as minhas palavras fossem bem recebidas. As recordações que guardo desse dia são confusas. Lembro-me de haver dito que, se o congresso desejava livrar o Sul da questão negra e estabelecer harmonia entre os dois povos, devia estimular por todos os modos o progresso material e moral de ambos. Na Exposição de Atlanta as duas raças teriam ensejo de mostrar o que haviam realizado depois da abolição e ganhariam incentivo para desenvolver-se ainda mais. Affirmei que, embora fosse um crime arrancar ao negro por meios fraudulentos o direito de voto, não era comtudo a agitação politica que poderia salval-o. Para completar o direito de voto seria necessario que elle possuisse alguma coisa, tivesse habilidade, energia, intelligencia e caracter. Se o congresso concedesse o credito pedido, faria alguma coisa util e duravel pelas duas