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MEMORIAI. DE AYRES
10 de Janeiro.
Fomos ao cemitério. Rita, apezar da alegria do motivo, não pôd^ reter algumas velhas lagrimas de saudade peío marido que lá está no jazigo, com meu pae e minha mãe. Ella ainda agora o ama, como no dia em que o perdeu, lá se vão tantos annos. No caixão do defunto mandou guardar um molho dos seus cabelos, então pretos,
emquanto os mais delles ficaram a embranquecer cá fora.
Não é feio o nosso jazigo; podia ser um pouco mais simples, — a iascrição e uma cruz, — mas o que está é bem feito. Achei-o novo de mais, isso sim. Rita fal-o lavar todos os mezes, e isto impede que envelheça. Ora, eu creio que um velho tumulo dá meMior impressão do oficio, se tem as negruras do tempo, que tudo consome. O contrario parece sempre da véspera.
Rita orou deante delle alguns minutos, emquanto
eu circulava os olhos pelas sepulturas
próximas. Em quasi todas havia a mesma antiga suplica da nossa: «Orai por elle! Orai por ella!» Rita me disse depois, em caminho, que é seu costume atender ao pedido das «utras, rezando uma prece por todçs.os que alli ^stão.
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