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8 * *" MEMORIAL DE AYRES por um mausoléu, não a pude ver mais nem melhor que a principio. EUa foi descendo até o portão, onde passava um bonde em que entrou e partiu. Nós descemos depois e viemos no outro. Rita contou-me então alguma cousa da vida da moça e da felicidade grande que tivera com o marido, alli sepultado ha mais de deus annos. Pouco tempo viveram juntos. Eu, não sei por que inspiração maligna, arrisquei esta reflexão:


— Não quer dizer que não venha a cazar outra vez. j

— Aquella não caza.

— Quem lhe diz que não?

— Não caza; basta saber as circumstancias do cazamento, a vida que tiveram e a dor que ella sentiu quando enviuvou.

— Não quer dizer nada, pode cazar; para cazar basta estar viuva.

— Mas eu não cazei.

— Você é outra cousa, você é única.

Rita sorriu, deitando-me uns olhos de censura, e abanando a cabeça, como se me chamasse '«peralta». Logo ficou seria, porque a lembrança do marido fazia-a realmente triste. Meti o casq^já bulha; ella, depois de aceitar uma ordem de ideias mais alegre, convidou-me a ver

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