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Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/126

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estava nesse dia mais esquisita quanto ao todo, podia-se-lhe notar que não era tão feia de cara como a princípio pareceu.

O caso foi que o Leonardo começou a olhar para ela sem mais vontade de rir-se; olhou uma, duas, três, quatro, muitas vezes enfim, sem que nunca satisfizesse ao que ele interiormente chamava curiosidade de apreciar aquela figura.

A menina por sua parte continuava no seu inalterável silêncio e concentração, de olhos baixos e queixo no peito. Entretanto quem tivesse hábito de observador fino poderia ter visto algum levantar de pálpebras rápido, e algum olhar fugaz dirigido para o lado do Leonardo.

D. Maria e o compadre conversaram segundo o seu costume.

Na ocasião da saída, D. Maria, dirigindo-se ao compadre, disse-lhe:

— Olhe, escute: nós hoje vamos ao Campo ver o fogo, bem podíamos ir todos juntos; que diz?

— Sim, podíamos, respondeu o compadre: eu tinha de ir só com o meu rapaz; mas uma vez que me oferece, iremos todos juntos. E leva a senhora a sua menina, não é?

— Oh! levo, coitada; ela nunca viu o fogo; no tempo do pai nunca saía...

Sem pensar, o Leonardo estremeceu de contente: pareceu-lhe que desse modo teria mais ocasião de satisfazer a sua curiosidade. A menina nem se mexeu; pareceu-lhe aquilo absolutamente indiferente.

— Pois então estamos ajustados, acrescentou o compadre, e à noite cá as viremos buscar.

E saíram.