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Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/173

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O velho começou o seu trabalho em regra; logo na primeira noite que foi dar lição à casa de D. Maria começou por fazer cair a conversa a respeito do roubo da moça, e deu a entender que sabia do caso e conhecia perfeitamente quem tinha sido o autor dele. D. Maria disse também que sabia quem era, e que até o conhecia muito. O velho sorriu-se, deixando apenas escapar em tom de dúvida um significativo-Qual...-D. Maria franziu o sobrolho, levantou os óculos e exclamou:

— Pois então pensa que eu ando atrasada nestas coisas?... Ora deixe-se... Sei quem foi, e sei muito e muito bem. É um pedaço de mariola com cara de sonso, que só me há de morar em casa se eu algum dia for carcereira.

— É isso tudo, mas a Sra. D. Maria não conhece o homem, digo-lhe eu, que também ando ao fato deste negócio todo.

— Bem sei, bem sei... mas olhe que eu também soube de parte muito certa... e não há nada mais fácil do que ver quem está enganado... Diga lá o senhor quem foi.

— Oh! não! isso nunca, exclamou apressadamente o velho pondo-se em pé; nada, eu cá não quebro segredo de ninguém.

D. Maria remexeu-se toda de aflição; e por mais que instasse nada pôde arrancar do velho que, para fazer melhor o seu papel, foi-se logo retirando, dando assim a entender que queria cortar a conversa naquele ponto.

Quando mais não tivesse conseguido, o velho tinha ao menos lançado a dúvida no espírito de D. Maria a respeito do fato, que era para ela a pedra de escândalo contra José Manuel.