— Por aí, por onde?
— Nem mesmo eu Sei...
E desataram os dois a rir. Quando temos apenas 18 a 20 anos sobre os ombros, o que é um peso ainda muito leve, desprezamos o passado, rimo-nos do presente, entregamo-nos descuidados a essa confiança cega no dia de amanhã, que é o melhor apanágio da mocidade.
— Sabes que mais? continuou o amigo do Leonardo, vem conosco, e não te hás de arrepender.
— Mas com vocês, para onde?
— Para onde? Sem dúvida algum partido melhor tens a escolher? queres fazer cerimônias?
Começava a cair a noite.
— Vamos levantar a súcia, minha gente, disse um dos convivas.
— Sim, vamos.
— Nada, inda não: Vidinha vai cantar uma modinha.
— Sim, sim, uma modinha primeiro; aquela: Se os meus suspiros pudessem.
— Não, essa não, cante antes aquela: Quando as glórias que eu gozei.
— Vamos lá, decidam, respondeu uma voz de moça aflautada e lânguida.
Vidinha era uma mulatinha de 18 a 20 anos, de altura regular, ombros largos, peito alteado, cintura fina e pés pequeninos; tinha os olhos muito pretos e muito vivos, os lábios grossos e úmidos, os dentes alvíssimos, a fala era um pouco descansada, doce e afinada.
Cada frase que proferia era interrompida com uma risada prolongada e sonora, e com um certo caído