Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/257

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Um dia uma das velhas achando-se na janela com Vidinha, na ocasião em que passava o toma-largura, disse entre os dentes, e como que indiferentemente:

— Se fosse comigo, bem sabia eu cá o que havia de fazer...

Vidinha, se bem que não pedisse explicação daquele dito, não deixou contudo de dar-lhe atenção e de cismar nele por algum tempo.

No dia seguinte a mesma velha chamou-a para a janela à hora do dia antecedente; e o toma-largura passou como sempre, e fez o seu cumprimento. A velha disse nessa ocasião, como completando o seu pensamento da véspera:

— Ora, eu pregava um mono ao tal Leonardo... e então este que era bem pregado, por ser ao mesmo tempo aos dois, a ele e a ela.

Lendo na intimidade do pensamento da velha, com a nossa liberdade de contador de histórias, diremos ao leitor, que o não tiver adivinhado, que aquele-ela-referia-se à moça do caldo.

Dada esta explicação, os menos perspicazes entenderão sem dúvida em que consistia o mono que a velha pregaria ao Leonardo.

Vidinha, que nada tinha de pouco inteligente, compreendeu tudo às mil maravilhas, e com tanto mais facilidade, digamo-lo aos leitores, quanto talvez que o pensamento da velha correspondesse a seus próprios pensamentos. Repetiram-se depois disto mais algumas indiretas da parte da velha, e Vidinha chegou finalmente a explicações.

Pouparemos aos leitores certos detalhes, e diremos que o resultado de tudo aquilo foi ver-se, poucos