que era caso perdido. Fizeram-se entretanto algumas aplicações, que não tiveram resultado algum.
— Estás viúva, menina, disse D. Maria alguma coisa compungida com a declaração do médico.
Luisinha pôs-se a chorar, mas como choraria por qualquer vivente, porque tinha coração terno.
Estavam presentes algumas pessoas da vizinhança, e uma delas disse baixinho à outra, vendo o pranto de Luisinha:
— Não são lágrimas de viúva...
E não eram, nós já o dissemos: o mundo faz disso as mais das vezes um crime. E os antecedentes? Porventura ante seu coração fora José Manuel marido de Luisinha? Nunca o fora senão ante as conveniências, e para as conveniências aquelas lágrimas bastavam. Nem o médico nem D. Maria se haviam enganado: à noitinha José Manuel expirou.
No dia seguinte fizeram-se os preparativos para o enterro. A comadre, informada de tudo, compareceu pesarosa a prestar seus bons ofícios, suas consolações.
O enterro saiu acompanhado pela gente da amizade: os escravos da casa fizeram uma algazarra tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janela, e tudo foi analisado, desde as argolas e galões do caixão até o número e qualidades dos convidados; e sobre cada um desses pontos apareceram três ou quatro opiniões diversas.
Naqueles tempos ainda se não usavam os discursos fúnebres, nem os necrológios, que hoje andam tanto em voga; escapamos pois de mais essa. José Manuel dorme em paz no seu derradeiro jazigo.
Como havia prometido a comadre, alguém chegou quase ao anoitecer. Era o Leonardo. Quando ele entrou