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Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/65

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— Não tenho nada que dizer... Estouro, já lhe disse, Sr. capitão!...

— Pois estoure com trezentos diabos! mas ao menos diga pelo que é que estoura.

— Não tenho nada que dizer... já lhe disse... isto põe a cabeça da gente como uma cebola podre, não tem lugar nenhum... Ir-me por lá com ares de santarrão comprar frutas...

— Quem, mulher de Deus? Você não se explicará?

— Qual explicar, nem meio explicar! Pois então por ser cá a gente uma mulher velha, que já perdeu os achegos ao mundo, e ela uma pobre rapariga tola e bisbilhoteira, com vontade de saber de tudo, vir-me cá a mim pregar o mono na bochecha, e a ela em lugar ainda mais melindroso...

— Mas quem é que pregou monos a você mais a ela? e quem é ela?...

— Faz-se de novo! continuou a mulher exasperando-se; pois o Sr. capitão já não tinha consentido no casamento?...

— Que casamento? com quem?

— Ai, ai, ai, que cá me anda a cabeça como uma nora solta... Pois o Sr. capitão não sabe que tem um filho?...

— Sim, sei, respondeu este começando a descobrir o mistério.

— E não sabe que ele é um pedaço de um mariola!... A isto o capitão podia, porém não se animou a responder afirmativamente, e perguntou somente:

— E que mais?...

— E não sabe também que eu tenho uma filha que trouxe do Lumiar, a Mariazinha?