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Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/91

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ou quatro dias antes que o mestre-de-cerimônias não saia de casa, empregado em decorar a importante peça. Foi o nosso sacristão calouro encarregado de lhe ir avisar da hora do sermão. Chegou à casa da cigana, onde o padre costumava a estar; bateu, e, apesar de todas as recomendações que costumava ter, disse em voz alta:

— O Rev. mestre-de-cerimônias está aí?...

— Fale baixo, menino, disse a cigana de dentro da rótula... O que quer você com o Sr. padre?

— Precisava muito falar com ele por causa do sermão de amanhã.

— Entra, entra, disse o padre que o ouvira...

— Venho dizer a V. Rev.ma, disse o menino entrando, que amanhã às dez horas há de estar na igreja.

— Às dez? Uma hora mais tarde do que de costume...

— Justo, respondeu o menino sorrindo-se internamente de alegria, e saiu.

Foi logo dali dar parte ao companheiro de que o seu plano tinha saído completamente aos seus desejos, pois o que ele queria era que o padre faltasse ao sermão, e por isso, encarregado de lhe indicar a hora, a trocara, e em vez de nove dissera dez.

Dispuseram-se as coisas; postou-se a música de barbeiros na porta da igreja; andou tudo em rebuliço: às 9 horas começou a festa.

As festas daquele tempo eram feitas com tanta riqueza e com muito mais propriedade, a certos respeitos, do que as de hoje: tinham entretanto alguns lados cômicos; um deles era a música de barbeiros à porta. Não havia festa em que se passasse sem isso; era coisa reputada quase tão essencial como o sermão;