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A hypothese sobre a origem pela ruptura ou explosão de algum grande planeta, concilia-se tambem com a periodicidade da quéda dos diversos corpusculos : estrellas cadentes, bolides e aerolithos ou meteoritos. Quanto ás primeiras, ella póde ser considerada como provadissima, á vista dos trabalhos de Schiaparelli, Newton, Coulvier, Gravier e outros, e dos quaes resulta a connexão dos principaes enxames de estrellas cadentes com alguns dos cometas periodicos.

Em relação aos segundos, a sua periodicidade não póde ser considerada como facto adquirido á sciencia, por basear-se em numero relativamente insufficiente de observações. Si o numero de aerolithos e meteoritos, que annualmente encontram a terra, póde ser avaliado em cerca de 600, o numero daquelles cuja quéda é notada, com certeza chega apenas a quatro ou cinco no anno. D'ahi, a difficuldade de se estabelecer uma theoria segura. Entretanto, pelos trabalhos de Hans Reusch, cujos resultados se acham expostos em uma interessante conferencia feita na Universidade de Christiana, na Noruega, e transcripta no Jornal do Commercio de 9, 11 e 13 de Julho do corrente anno, parece existir uma certa periodicidade na quéda destes corpusculos, periodicidade que para os casos citados pelo Sr. Hans Reush, seria de seis a oito annos, isto é, semelhante á de alguns cometas periodicos, com os quaes teriam então, segundo este autor, uma connexão, como existe para as estrellas cadentes. Dahi, pois, autoriza-se o Sr. Hans Reusch, conjunctamente com o Sr. Newton, em definir um pouco ousadamente, como diz, o meteorito como sendo um pedaço de cometa.


Hypothese a mais provavel


Da exposição supra, que resume rapidamente as diversas hypotheses ácerca da origem dos meteoritos, parece que a ultima, que os attribue á ruptura ou fragmentação de algum planeta existente outr'ora entre Marte e Jupiter, reune a seu favor maior numero de argumentos. Planetoides, certos cometas periodicos, estrellas cadentes, aerolithos, meteoritos teriam assim uma origem commum, sendo ao mesmo tempo explicados o movimento directo dos meteoritos, a inclinação nunca grande das suas orbitas, e seu aspecto fragmentario.

Trataremos agora, rapidamente, de descrever os phenomenos que acompanham a quéda dos meteoritos, sua composição chimica, estructura e sua classificação, etc.