não podia deixar de ser para o meu espírito uma forte modelação política. Para não voltar a falar desse drama, cuja única qualidade é, talvez, ser inédito, contarei desde já que, depois de o fazer e refazer, copiá-lo e tornar a copiá-lo, acabei-o em 1877, em Nova York. Tenho no meu Diário desse ano a data em que, depois de uma jantar, com egoísmo inflexível de autor, infligi a leitura desses cinco atos a um pequeno comité de amigos de que fazia parte o barão Blanc, então ministro da Itália em Washington, ultimamente ministro de Estrangeiros. Ele me terá perdoado esse sacrifício, ao qual ele mesmo se ofereceu. O enigma europeu da Alsácia-Lorena, que é o fundo da tríplice aliança, lhe terá imposto na Consulta serões mais penosos e fatigantes do que aquela assentada do Buckingham Hotel.
A indiferença política em que me achava, a predisposição literária que acabo de descrever, fez-me entrar para a diplomacia em 1876. Eu tinha perdido 5 anos desde a formatura, mas nesses 5 anos não me teria ocorrido aceitar qualquer posto das mão de um ministro conservador, eu liberal. O preconceito, o extremo partidário, impediam essa apostasia. Nesse intervalo, porém, a intransigência se tinha gastado toda e agora me parecia plausível a idéia, que nunca antes me viera, de que os cargos públicos não são monopólio do partido que está no poder e devem ser confiados a quem melhor os pode desempenhar.