Página:Minha formação (1900).djvu/191

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americano pode bem corresponder, dada a diferença de época e adiantamento, à liberdade pessoal de que gozaram sempre mais ou menos as raças que tinham espaço ilimitado para se estenderem a escassa vizinhança em país novo. No fundo, essa extrema liberdade é uma forma de individualismo, de isolamento, de vida à parte, de responsabilidade ainda não formada, do homem na sociedade. Isoladamente, o americano será, como eu disse, o mais livre de todos os homens; como cidadão, porém, não se pode dizer que o seu contrato de sociedade esteja revestido das mesmas garantias que o do inglês, por exemplo. A autoridade é menor sobre os seus ombros, mas a solidariedade humana é também mais frouxa em sua consciência.

Uma coisa o governo americano não é: não é o governo do melhor homem, como pretendiam ser as democracias antigas. Governo pessoal, as presidências podem ser, pelo menos foram algumas acusadas de o ser; não se pode, porém, apontar neste século o homem de influência nos Estados Unidos, o Gladstone ou o Gambeta americano. A nação dispensa tutores, diretores, conselheiros, rejeita tudo o que pareça patronizing, ares de proteção e condescendência para com ela. Aos seus olhos, o que faz um estadista considerável é a soma de confiança que ele lhe merece, é o reflexo da satisfação que causa o Uncle Sam.