final, e por isso aquele que se deve desde logo visar. Não pode haver maior revolução para o espírito do que essa, de colocar-nos espontaneamente em frente do solitário juiz de biblioteca do futuro e não dos juízes sem número de praça pública do momento atual. Perante aquele juiz o nosso nome pode não ser citado, os testemunhos incompletos podem ser-nos injustamente favoráveis ou desfavoráveis, mas a sua opinião é a que conta, é a que vale.. O juízo da multidão que hoje nos eleva ou nos deprime, esse representa apenas a poeira da estrada. Não é preciso que sejamos atores, para que essa concepção da verdadeira instância que decide das reputações nos afete, por assim dizer, em cada um dos nossos móveis de ação, estímulos e afinidades morais: o efeito é o mesmo sobre o espectador, o curioso, o transeunte, o indiferente. É, em menor escala, está visto – porque esta é a maior de todas as possíveis diferenças nos motivos de inspiração e de conduta – como a mudança da concepção pagã, que o importante é a vida, para a concepção cristã, que é a eternidade. Feita a redução das aspirações da própria alma para as da inteligência ou do espírito, a metamorfose é também profunda entre viver, ou ver viver, tendo-se em vista os contemporâneos e tendo-se em vista a posteridade. Tratando-se da posteridade, está claro que é sempre preciso imaginar o espaço de algumas gerações, dar toda a margem
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