escrever essa graciosa ironia, o grande escritor enganou-se em um ponto: ele não me teria apunhalado dizendo que os meus versos não valiam nada, em vez de dizer-me que eram admiráveis. George Sand escreveu-me também a respeito do meu livro: “Il est d’une rare distinction et les nobles pensées y parlent une noble langue”, e curiosamente, Madame Caro igualmente se referia a “l’oeuvre qui exprime dans une noble style la plus noble sympathie pour notre malheureuse patrie.” Todos esses cumprimentos, toda essa nobreza, eu a recolhia e guardava preciosamente como provas de generosa amabilidade e cortesia do caráter francês. Quanto ao valor dos meus versos, porém, a impressão que me ficou e apagou todas as outras, foi o silêncio frio, impenetrável, entretanto polido, atencioso, simpático, de Edmond Scherer. Contei esse episódio para acautelar o talento que se estréia contra a perigosa sedução da eutrapelia literária. Conheço entre nós um mestre dessa arte do espírito, Machado de Assis, mas este, espero, não fará confissões. “Quem se não pode conformar à perda da própria honra, diz S. Filipe Néri, nunca avançará na vida espiritual.” O escritor juvenil que não se resignar ao sacrifício da rua “honra” literária, não fará progressos emliteratura.
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