trecho, porém, é a tradução, em verso fraco e mal trabalhado, do que Renan mesmo tomara aos alemães e tinha expressado de modo perfeito na mais elegante das prosas. O que me enganava nos meus versos, parecendo-me sonoro e elevado, não pertencia à poesia, pertenceria à eloqüência. Aqui está uma ode à França; é a Alsácia-Lorena que fala à Alemanha:
Tu penses arréter le sang de notre vie,
En t’emparant des rails de nos chemins de fer;
Nous avons cinquante ans pour changer de patrie,
Pour nous enrôler, tous, contents, dans la landwehr?
Ah! la force t’inspire autant de confiance
Que nous en puiserons dans le droit éternel?
Nous sommes les deux bras mutilés de la France,
Qu’elle tend toujours vers le ciel!
Mme Caro, no agradecimento que me manda, escreve: “Os dois braços mutilados levantados para os céus, acabarão, tenho confiança, por vencer o destino.” Os dois braços mutilados podiam ser os dois joelhos dobrados em oração, os dois pés acorrentados, ou o fígado do Prometeu dos Vosges devorado pela águia negra da Prússia e renascendo sempre. Tudo isto é do domínio da retórica e do panfleto político: é um líbelo em hemistíquios como a Nemésis de Barthélemy. Nada é mais contrário à poesia do que a ênfase, o lugar-comum e o patético da oratória.