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trilho esmaltado das espumas, em busca, longe, de ignotos destinos.

Á tarde, no poente vermelho, flamante, dum rubro clarão d’incêndio, os navios ganham suntuosas decorações sobre as vagas.

O brilho sangrento do ocaso, reverberando na água, dá-lhes uma refulgência de fornalha acesa, de bronze inflamado, dentre cintilações de aço polido.

Os navios como que vivem, se espiritualizam nesta auréola, neste esplendor feérico de sangue luminoso que o ocaso derrama.

E mais decorativos são esses aspectos, mais novos e fantasiosos efeitos recebem as afinadas mastreações dos navios, donde parece fluir para o alto uma fluida e fina hormonia, quando, após o esmaecer da luz, a Via-Láctea resplende como um solto colar de diamantes e a Lua surge opaca, embaciada, num tom de marfim velho.