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desse de mim, confesso que estimularia inda mais o parasitismo brasileiro, para ver até que ponto podem os agrupamentos humanos comportal-o. O parasitismo é a lei da humanidade. Uma creatura parasita outra...

O cynismo de Mr. Slang horrorizou-me. O Brasil para aquelle homem não passava de uma cobaia immensa...

— Mas si fosse na Inglaterra, que faria? interpellei-o.

— Bom, o caso ahi mudava. A Inglaterra é a Inglaterra e merece até dos inglezes scepticos o sacrificio dum ponto de vista puramente de arte. Si fosse o caso na Inglaterra, e a mim incumbisse destruir o parasitismo, a primeira coisa que eu, como governo, faria era constatar a existencia delle.

— Isso não é resposta, Mr. Slang. Si elle existisse, ipso facto teria a existencia constatada, com perdão do gallicismo.

— Engano. O parasitismo é machiavelico e vence como o camaleão, á custa de disfarçar-se e justificar-se como sendo coisa util. Temos, pois, antes de mais nada, de desmascaral-o, pôl-o a nú, provar que não passa de camouflage da utilidade. Exemplo. Ha aqui uma Bibliotheca Naval. Fui outro dia lá pela primeira vez, em consulta a um