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você mesma declara que são de cêra, substancia que nem as abelhas, suas fabricantes, me consta que comam.

A criada olhou-o com assombro. Não podia admittir que um homem tão rico recusasse ter á mesa de jantar aquelle primor de arte. Permaneceu irresoluta, como á espera de que Mr. Slang voltasse atrás na sua decisão. Mas Mr. Slang manteve-se firme.

— Leve-as ao homem, repetiu. São frutas para inglez vêr — e já as vi.

A criada foi-se e Mr. Slang, voltando-se para mim, disse:

— Bem curiosa esta sua patria, meu amigo. A terra dá tudo, já disse, creio que o Vaz Caminha. No entanto, para que houvesse frutas nas mesas, foi necessario que apparecessem por aqui uns slavos emigrados, fabricantes de frutas... artificiaes. Não ha casa burgueza onde não figurem, nos etagères, as taes frutas de cêra que tanto seduziram a minha bôa Dolly.

— E' que as casas burguezas não podem tel-as naturaes. Nossas frutas são caras como as joias e os livros. Muita praga, Mr. Slang. Paiz quente....

Mr. Slang sorriu e disse:

— Está ahi um juizo dos que chamo apressados. A praga é universal, mas o ho-